Olá comprador do futuro,
Leo Cavalcanti aqui, de volta após alguns dias viajando pelo mundo! 🌎✈️
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Pagando de correspondente internacional…
O artigo de hoje* conta sobre as impressões que tive da minha participação e da Linkana na DPW 2023, maior conferência de tecnologia em Procurement do mundo.
*O texto abaixo é uma versão mais completa deste artigo publicado no IT Fórum em 20 de outubro de 2023.
Um prédio simples para um evento sofisticado
A Beurs van Berlage é um edifício histórico localizado no centro de Amsterdã, capital dos Países Baixos. Originalmente construído no final do século 19 para abrigar a bolsa de valores da cidade, o nome "Beurs" pode ser traduzido como "Bolsa", e "Berlage" refere-se ao arquiteto que projetou o edifício, Hendrik Petrus Berlage, considerado o pai da arquitetura moderna holandesa.
A construção é o símbolo de uma visão de arquitetura mais simples, funcional e menos decorativa, sem grandes ornamentos ou decorações excessivas. Tudo bem quadrado e feito de tijolos e ferro, sem muita firula.
A arquitetura da Beurs van Berlage foi um grande contraste com o que para mim foi a DPW 2023, maior conferência de tecnologia em Procurement do mundo. O evento aconteceu nas instalações do prédio histórico na semana passada, nos dias 11 e 12 de outubro de 2023, e superou todas as minhas expectativas.
Com a presença de mais de 80 palestrantes, shows, performances artísticas e mais de 1200 participantes presenciais distribuídos em 76 países, a edição deste ano contou com múltiplos palcos, cobertura em tempo real, entrevistas, espaços para networking e um dos maiores lounges de exibição que eu já vi ao vivo.
Além de ter a oportunidade de conhecer várias das minhas maiores referências do mercado pessoalmente, pude ouvir várias ideias e insights sobre as principais tendências que devem nortear o caminho da tecnologia em Procurement nos próximos anos.
Para resumir o que foi a edição deste ano, que de longe superou as edições anteriores em termos de quantidade e diversidade de público - além de me deixar com a cabeça fervendo - trago aqui os três principais destaques da conferência que consegui absorver do que vi, das dezenas de palestras que acompanhei e conversas que participei.
Muitas "ferramentas", poucas "soluções"
Com o lema de "Make Tech Work", a DPW não decepcionou quanto a diversidade de tecnologias emergentes a disposição dos participantes. Segundo Matthias Gutzmann, fundador e CEO da DPW, o evento é o "maior show de tecnologia em procurement do mundo". Foram mais de 120 expositores e startups distribuídos em mais de 18 categorias de tecnologias diferentes, muitas das quais que eu sequer conhecia ou tinha ouvido falar.
A primeira coisa que me surpreendeu foi enorme disparidade entre a quantidade de startups emergentes no cenário europeu e americano, se comparado ao mercado brasileiro ou latino-americano. O gap não só é grande como continua crescendo, e é necessária uma reação imediata, em termos de investimentos em novas tecnologias locais, se quisermos algum tipo de protagonismo brasileiro no cenário de Procurement global nos próximos anos.
Por outro lado, quantidade não significa qualidade. Como disse Stephany Lapierre, fundadora e CEO da TealBook, startup emergente do mercado canadense, "enquanto é absolutamente fantástico ver investimentos e tantas novas startups de ProcureTech, é desafiador (e talvez até sufucante) diferenciá-las uma da outra."
Saímos de um cenário de grande insatisfação com poucas soluções de Procurement disponíveis há algumas décadas, para um cenário de bastante ruído e falta de clareza de qual seria a combinação apropriada entre as centenas de opções disponíveis atualmente. Essa incerteza faz com o que os líderes de Procurement optem por manter seus sistemas obsoletos em vez de tentar substituí-los, buscando soluções apenas para melhorá-los ou otimizá-los de alguma forma.
O que os executivos buscam, no fim das contas, é uma resposta melhor para equilibrar o antigo problema do "sistema único que não resolve nada" com o novo problema das "centenas de soluções que não conversam entre si". Literalmente, a tecnologia em Procurement precisa funcionar, como o próprio tema do evento prega.
Um encontro de referências globais
Com uma programação ambiciosa composta por palestras, networking, performance culturais, musicais e intervalos para comer, beber e relaxar, um dos principais destaques dos dois dias de interação com certeza foi a presença em massa de vários dos principais líderes e influenciadores da indústrias de compras e do mundo corporativo.
Dr. Elouise Epstein, sócia da Kearney e autora de um dos livros mais influentes do mercado de Procurement, o "Trade Wars, Pandemic and Chaos", marcou presença em várias palestras, e paineis, antes e durante a conferência.
Além das suas opiniões ácidas sobre o futuro de compras, ela escolheu o palco da DPW 2023 para lançar seu novo livro "How to hack your supply chain: Breaking today, building tomorrow".
A principal crítica que ela faz na nova obra é sobre a maneira como as pessoas aprendem e internalizam conteúdo no mercado de Procurement. Como bônus para os participantes do evento, ela disponibilizou exclusivamente uma versão gratuita do livro em PDF.
Outras pessoas também usaram o palco do evento para lançar suas obras. Foi o caso de Yossi Sheff, diretor do MIT Center for Transportation & Logistics. Autor de mais de nove livros relacionados a negócios, cadeias de suprimentos e logística, ele compartilhou insights exclusivos sobre o atual estado de aplicações de inteligência artificial generativa e preditiva nas cadeias de suprimentos, e sua opinião sobre os desafios de emprego e trabalho em um mundo pós LLMs como o ChatGPT.
Após sua sessão, o professor distribuiu e autografou seu seu novo livro "The Magic Conveyor Belt: Supply Chains, A.I., and the Future of Work" para os participantes do evento. Eu tive a sorte de conseguir minha cópia com dedicatória!
Vale uma menção honrosa para outras presenças inusitadas. Foi o caso de Guenther Steiner, Team Principal do time da Haas de Formula 1, que trouxe sua visão única de gestão de equipes, estratégia e liderança na categoria mais avançada e popular de automobilismo do mundo. Como fã de F1 e Procurement, foi legal traçar paralelos entre mundos tão diferentes!
Intake-to-procure e orquestração são a nova bola da vez
James Meads, fundador do Procuretech Podcast, um dos podcasts mais relevantes do mercado de Procurement, afirmou em sua página do Linkedin pós-evento: "Intake (recebimento), orquestração e tirar Procurement do ERP & Excel são os tópicos que mais se repetiram na DPW."
E não tem como não concordar. Frases como "o ERP está morto.", "Orquestração é o futuro." e "Pare usar Excel, maior pesadelo da cibersegurança." da Dr. Epstein parecem confirmar a ideia de que soluções focadas na requisição, automação de processos e simplificação da experiência do usuário estão ganhando força em Procurement.
Essa tendência se soma ao crescimento exponencial nos últimos anos de startups de intake-to-procure como a americana Zip, do Rujul Zaparde e do Lu Cheng, que esteve presente em várias sessões do evento.
Neste mesmo contexto merece destaque também a vitória da ORO Labs, startup americana de orquestração de processos em Procurement, na competição de startups organizada pela própria DPW.
DPW 2024 já tem data!
No encerramento do evento, Matthias Gutzmann aproveitou para agradecer a presença de todos e já anunciar a data da DPW Amsterdam no ano que vem, que vai acontecer nos dias 9 e 10 de outubro de 2024.
A novidade ficou por conta de uma edição "intinerante" menor que deve ocorrer nos Estados Unidos no início do ano.
Em conversa com Herman Knevel, o outro co-fundador da DPW, já aproveitei para lançar a candidatura de São Paulo para uma edição internacional em 2024 ou 2025.
Quem sabe a gente não traz em breve a América Latina definitivamente para o radar de Procurement no mundo?
Uma excelente quarta-feira a todos vocês,
leo c.
great stuff, Leo!